Orós é uma cidade politicamente morta. Da
prefeitura à Câmara Municipal o que se ver são políticos envoltos em práticas desonestas,
o que lhes garantem os elementos principais de controle da população, enquanto esta,
agradecida pelas ajudas que recebe, venera seus supostos salvadores, alimentando
o partidarismo doentio que a cidade vive, sem perceber que aquilo que tanto defende
é a causa de sua própria ruína.
Ninguém usou tão bem essas táticas de manipulação
de apoio popular como os antigos romanos. Cleandro, principal conselheiro do
Imperador Cómodo, consciente de que precisava do apoio das massas para se
tornar imperador, articulou um plano audacioso: Sabendo que a comida era muito
importante para o povo romano e que o governo distribuía para as famílias
metade dos grãos que elas consumiam durante o ano, ele começou a reter os
carregamentos de grãos, gerando o desabastecimento total. Cleandro acreditava
que depois de promover a fome, ele surgiria com os alimentos e seria aclamado
pelo povo, podendo reivindicar o trono, mas sua trama foi descoberta pelo
Imperador, que o matou em seguida.
Quase a totalidade dos vereadores de Orós ainda
usam com sucesso as táticas de Cleandro. São políticos que trabalham pouco e
quase nunca cumprem suas verdadeiras funções, que é fiscalizar o prefeito e
aprovar leis que garantam a boa prestação dos serviços públicos. Quase todos os
distritos elegeram vereadores de sua própria gente, mas nessas localidades não
existem ambulâncias, os Postos de Saúde não funcionam a contento, quadras de
esportes há anos em reformas paralisadas, jovens sem muita opção de lazer e trabalho
e quase nenhum vereador questiona o prefeito sobre as irregularidades e mal
gasto do dinheiro público, pois é nessa situação que eles crescem e aparecem.
Diante da falta de ambulância nos distritos, os
vereadores surgem como pessoas prestativas que sempre estão à disposição para
levar pacientes em seus próprios carros ao hospital na sede do município. Narram
com orgulho – na tentativa de arrancar uma certa comoção do público – o fato de
que atendem em suas casas dezenas de pessoas que vão pedir ajuda para pagar
papel de água, luz, feiras, etc. Por trás dessa falsa bondade os vereadores
violam as próprias leis que criam para aumentar seus salários e assim
conseguirem mais dinheiro para manter as boas ações, ou então fazem vista grossa
em troca de favores da Administração, aliás, é disso que nasce a ideia de que
vereador que não está do lado do prefeito não consegue trabalhar.
Altamente dependente dessa classe de políticos, o
povo os defende ferozmente, é o partidarismo exagerado que não permite o povo
lutar por situações melhores e sim pela pessoa do político que lhe alivia as
mazelas causadas pela ausência do Poder Público. Os oroenses estão assim,
apaixonados por seus candidatos e por isso acreditam que o que eles falam e
fazem estão corretos, não questionam seus atos, não os desafiam, não cobram respostas,
pois se sentem constrangido de se manifestarem pelas ajudas e favores que
receberam.
Recentemente o vereador Nelço do Sindicato apontou
em sua página no facebook fortes indícios de superfaturamento na compra de
cimentos, que a Administração comprou ao preço de R$ 31,35 o saco, enquanto o
mercado vende a R$ 20,00. A Câmara não cobrou respostas, não fiscalizou. São
alugueis de carro, obras sem fiscalização, alunos sem ônibus, o prefeito
desrespeita as leis e desestimula os servidores, funcionários fantasmas e
ninguém faz absolutamente nada. Os vereadores não fiscalizam e o povo permanece
agradecido pelas ajudas que os mantém sob controle. Temos solução? Acredito que
temos e conseguiremos, quando a maioria estiver disposto a aceitar que os
políticos estão a serviço do povo e não o povo a serviço dos políticos e
entender que as ajudas que eles dão são na verdade para esconder a obrigação
daquilo que eles deveriam fazer e não fazem. NÃO SEJA AGRADECIDO, COBRE
TRABALHO.