domingo, 14 de maio de 2017

OPINIÃO. Vereador que não está do lado do prefeito está “morto”?

Se tem um pensamento tido quase como sagrado no meio político e replicado entre muitos, é aquele que diz que o vereador que não está do lado do prefeito é um vereador que não conseguirá fazer nada. Essa ideia reflete fielmente a distorção do papel do vereador, principalmente nas pequenas cidades cuja maioria da população é de baixa renda.

Pergunte a um vereador o que ele tem feito pela população e ele vai narrar, quase como um herói, que leva diariamente várias pessoas em seu próprio carro para o hospital, que perdeu a conta de quantos papeis de energia e água pagou, dos remédios doados, etc.

O assistencialismo exagerado e a corrupção disfarçada em forma de ajuda ocuparam papel principal na vida de um vereador, enquanto fiscalizar o prefeito e cobrar a boa prestação dos serviços públicos virou algo superficial.

Partindo dessa premissa, não é difícil entender porque o vereador tem que ficar do lado do prefeito para fazer alguma coisa. É que a maioria dos nossos vereadores não são pessoas tidas como ricas, por isso dependem da prefeitura para bancar suas ajudas ao povo.

O vereador passa a apoiar incondicionalmente o prefeito em troca de combustível grátis para transportar em seus carros particulares, pacientes que precisam ir até o hospital na sede do município, assim eles saem como exímios trabalhadores e deixam de lado a obrigação de cobrar do prefeito uma ambulância para seu distrito ou um posto médico eficiente, do contrário, como ele conseguiria se sobressair sobre seu opositor?

Se o vereador é do lado do prefeito, ele consegue fácil na Secretaria de Saúde aquele exame que normalmente demora muito para sair (demora porque eles pulam para frente da fila seus apadrinhados). Consegue também aquele remédio que não tem no posto e assim vai. Enquanto isso os prefeitos vão usando de qualquer maneira o dinheiro público, sem fiscalização e depois é só colocar a culpa na crise pela má prestação do serviço.

A inversão de valores é tão grande que quem busca desempenhar o verdadeiro papel de um vereador costuma ser desprezado pelos cabos eleitorais, que através da rede de apadrinhamento conseguem aumentar o coro, além de sofrer ampla perseguição e rejeição dentre os próprios colegas parlamentares.

Mas nem todos são assim, em Orós posso citar o vereador Nelço do Sindicato como uma exceção a essa regra. Basta um simples acesso à página do vereador no facebook para ver do que estou falando, é de longe a maior, melhor e mais importante atuação dentre os 11 parlamentares hoje na Câmara de Vereadores.

Recentemente no Plenário, Nelço do Sindicato denunciou fortes indícios de superfaturamento na compra de cimentos. Segundo o vereador, a Secretaria de Obras comprou 500 sacos de cimentos por R$ 31,35, enquanto que o preço médio do mercado é R$ 20 reais o saco. Cobrou esclarecimentos sobre o dinheiro recebido pela Administração para construir o muro da Escola Isaías Cândido que até agora nada foi feito. Foi contra o aumento ilegal dos vereadores, inclusive assinando denúncia ao próprio Ministério Público, dentre outros assuntos não menos importantes.

Além de fiscalizar os gastos da prefeitura como nenhum vereador tem feito há anos, Nelço ainda tem tempo e disposição para ajudar as pessoas, provando que não é preciso estar do lado do prefeito para ter uma boa atuação parlamentar a favor da população.

Se tivéssemos na Câmara Municipal pelo menos 6 vereadores prontos a desempenharem o verdadeiro papel de um representante do povo, fiscalizando os gastos públicos, denunciando as irregularidades, cobrando a boa aplicação dos recursos, veríamos uma mudança positiva em nossa cidade. Talvez teríamos carro da saúde em cada distrito, teríamos menos problemas trabalhistas na prefeitura, teríamos maior constância na oferta da merenda escolar, cada vez menos alunos ficariam sem transporte escolar e a crise seria uma questão a ser superada e não uma desculpa para os problemas.

Mas o que esperar de uma maioria de vereadores que descumprem as próprias leis para aumentar seus próprios salários? Não se iluda amigo cidadão e eleitor, a responsabilidade por um Orós melhor é minha, sua e de cada oroense, as consequências do voto começa em janeiro do ano seguinte ao das eleições e só termina depois de 4 anos, enquanto isso nos resta refletir e agir diferente apoiando a boa ação política, deixando de lado a paixão pelo candidato e apoiando a boa ação política.

Nenhum comentário:

Postar um comentário