No contexto político da cidade de Orós uma ideia tem sido fortemente
disseminada: Se alguém faz críticas ao Governo Municipal e denuncia
publicamente os erros administrativos, se for oposição, então não merece
crédito.
Esse é um pensamento que carrega em si bastante contradição, pois quem afirma que a oposição é imparcial e não deve ser levado em conta, esquece-se de que
quem estar no poder se elegeu denunciando erros, pregando promessas e um modelo
de gestão diferente, ou seja, fazia oposição.
Claro que quem estar no poder não vai tornar público seus próprios
erros de gestão, a tendência é escondê-los e fazer uma propaganda para
convencer a massa de que tudo está bem. É óbvio também que o fato de alguém
trabalhar em determinada gestão não é garantia de ficar sabendo tudo que se
passa nela.
A oposição, por sua vez, tem esse papel de fiscalizar e denunciar os
prejuízos causados à população por determinado governo. A oposição quando trabalha
efetivamente causa o equilíbrio político/econômico, fazendo com que as ações
públicas se aproximem o máximo possível do interesse público, desde que de fato
essa oposição busque um agir diferente, demonstrando coerência entre o que se
fala e o que se pratica.
Respeitando opinião contrária, creio ser um equívoco ignorar o que a
oposição fala. Chamar de politicagem o ato de um cidadão denunciar um dano
verdadeiro é se importar unicamente com o bem-estar próprio, vou mais além,
digo que a politicagem mora na consciência de quem não consegue admitir para si
que determinadas práticas causam danos a outras pessoas e por isso precisam ser
corrigidas. Pelo menos já que não se pode denunciar por participar do governo, que
não desmereça a atitude de quem tem coragem de fazê-lo.
O pior em Orós é essa interrogação sem sentido que os governistas
fazem aos oposicionistas quando estes questionam atos da prefeitura: “Por que
ninguém falava nada quando isso acontecia antes”? Isso para mim é uma tentativa
de fuga da responsabilidade de responder por seus erros. Ora, esse tipo de
pergunta os próprios governistas eram que deveriam responder, pois se antes
ninguém denunciava erros de gestão, onde estavam os políticos de hoje que antes
eram oposição? Não eram eles sendo oposição que deveriam estar fiscalizando e
denunciando?
Portanto, ser oposição hoje e ter sido situação ontem não tira a
legitimidade de reclamar por melhorias, tampouco ter ficado em silêncio no
passado e de repente ter decidido falar retira o direito de denunciar erros que
precisam ser sanados. O importante é prevalecer o interesse público, por isso o
que deve ser analisado é se a denúncia é verdade ou mentira. Assumamos, pois, o
papel de oposição, quem de oposição, e deixemos de lado os clichês dos
governistas que tentam desestimular e rotular de baixaria o exercício
democrático de cobrar e reivindicar qualidade na prestação dos serviços
públicos.
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