sexta-feira, 18 de novembro de 2016

SOU OPOSIÇÃO. POSSO FALAR? QUEM DISSE QUE NÃO?


No contexto político da cidade de Orós uma ideia tem sido fortemente disseminada: Se alguém faz críticas ao Governo Municipal e denuncia publicamente os erros administrativos, se for oposição, então não merece crédito.

Esse é um pensamento que carrega em si bastante contradição, pois quem afirma que a oposição é imparcial e não deve ser levado em conta, esquece-se de que quem estar no poder se elegeu denunciando erros, pregando promessas e um modelo de gestão diferente, ou seja, fazia oposição.

Claro que quem estar no poder não vai tornar público seus próprios erros de gestão, a tendência é escondê-los e fazer uma propaganda para convencer a massa de que tudo está bem. É óbvio também que o fato de alguém trabalhar em determinada gestão não é garantia de ficar sabendo tudo que se passa nela.

A oposição, por sua vez, tem esse papel de fiscalizar e denunciar os prejuízos causados à população por determinado governo. A oposição quando trabalha efetivamente causa o equilíbrio político/econômico, fazendo com que as ações públicas se aproximem o máximo possível do interesse público, desde que de fato essa oposição busque um agir diferente, demonstrando coerência entre o que se fala e o que se pratica.

Respeitando opinião contrária, creio ser um equívoco ignorar o que a oposição fala. Chamar de politicagem o ato de um cidadão denunciar um dano verdadeiro é se importar unicamente com o bem-estar próprio, vou mais além, digo que a politicagem mora na consciência de quem não consegue admitir para si que determinadas práticas causam danos a outras pessoas e por isso precisam ser corrigidas. Pelo menos já que não se pode denunciar por participar do governo, que não desmereça a atitude de quem tem coragem de fazê-lo.

O pior em Orós é essa interrogação sem sentido que os governistas fazem aos oposicionistas quando estes questionam atos da prefeitura: “Por que ninguém falava nada quando isso acontecia antes”? Isso para mim é uma tentativa de fuga da responsabilidade de responder por seus erros. Ora, esse tipo de pergunta os próprios governistas eram que deveriam responder, pois se antes ninguém denunciava erros de gestão, onde estavam os políticos de hoje que antes eram oposição? Não eram eles sendo oposição que deveriam estar fiscalizando e denunciando?


Portanto, ser oposição hoje e ter sido situação ontem não tira a legitimidade de reclamar por melhorias, tampouco ter ficado em silêncio no passado e de repente ter decidido falar retira o direito de denunciar erros que precisam ser sanados. O importante é prevalecer o interesse público, por isso o que deve ser analisado é se a denúncia é verdade ou mentira. Assumamos, pois, o papel de oposição, quem de oposição, e deixemos de lado os clichês dos governistas que tentam desestimular e rotular de baixaria o exercício democrático de cobrar e reivindicar qualidade na prestação dos serviços públicos. 

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