quinta-feira, 27 de abril de 2017

GREVE. Prefeitura de Orós é dois pesos, duas medidas.

Orós é uma das muitas cidades que deu ponto facultativo aos seus servidores para participarem da greve geral amanhã (28/04). O que eu quero aqui não é criticar tal atitude, mas provocar uma reflexão sobre o posicionamento do prefeito a respeito de greve, não só dele, mas de uma grande parte dos nossos conterrâneos.

Tudo parece mais simples quando as coisas não acontecem no nosso quintal. É bem mais fácil se declarar para outra pessoa pelo whatsapp que fazer isso olho no olho. Assim parece se comportar boa parte dos oroenses, ávidos para criticar e se manifestar sobre os políticos estaduais e federais, mas extremamente tímidos para conversar sobre a política municipal.

A Prefeitura de Orós não é exceção. Quando se trata de greve usa um pesos e duas medidas e lhes digo porque. Em outubro de 2013 os servidores públicos de todas as categorias declararam greve, a razão era que a Prefeitura de Orós não pagava os servidores de acordo com Plano de Cargos e Carreiras (ainda deve até hoje o ano de 2013). O Prefeito imediatamente foi às rádios locais, colocou carros de som nas rua e distribuiu panfletos com seu pronunciamento chamando os servidores de politiqueiros, baderneiros e que representavam uma vergonha para a população local. Seu governo chamou a polícia para os grevistas que protestavam pacificamente. No final a legalidade da greve foi declarada pelo STF e o prefeito cumpriu a contra gosto o Plano de Salários.



(Foto da greve dos servidores de Orós em 2013 - Sec. de Educação)

O destino pregou uma peça com a primeira gestão do prefeito Simão e em 2015, sob orientação da Associação dos Prefeitos do Ceará - APRECE, a Prefeitura de Orós tem suas atividades paralisadas em protesto pela redução no repasse do Fundo de Participação dos Municípios - FPM. Naquela época a Prefeitura assumia o papel de baderneira, politiqueira e razão de vergonha para o Estado do Ceará, pois estava fazendo greve, juntamente com outra centena de município, requerendo um repasse maior do FPM, assim como os servidores queriam apenas seus salários definidos nos Planos.

Agora estamos de novo diante de uma greve geral, todos unidos, todos estimulados, a prefeitura deu até ponto facultativo aos servidores para irem protestar, aliás os protestos são contra atos que não foram ou serão produzidos pelo município de Orós, mas sim pelo Governo Federal, então vamos chafurdar o quintal alheio.

A greve é legítima e se faz necessária nesse momento, sou completamente a favor da greve geral e com a permissão de Deus estarei nas ruas amanhã. Mas gostaria de lembrar que o que acontece no Congresso Nacional, também acontece em nosso município. A maioria dos vereadores sob projeto de autoria do prefeito congelam salário dos servidores. Assim como a base de apoio do presidente Temer aprovou o retrocesso da reforma trabalhista, semelhantemente a base de apoio ao prefeito Simão na Câmara Municipal colocou na conta do povo os gastos excessivos do ano de campanha, cortando salários e serviços essenciais para reajustar as contas.

Se você achou absurdo a terceirização liberada aprovada pelos deputados da base governista de Temer, passou batido pela criação dos 195 cargos comissionados na estrutura administrativa do município de Orós, aprovada por todos os vereadores da bancada do prefeito Simão, precarizando o investimento no corpo efetivo da Administração.

Se você ficou revoltado quando o presidente Temer sancionou sem vetos projeto que concedia aumento de 41,5% para servidores do Judiciário, perdeu a chance de se indignar quando o prefeito Simão enviou à Câmara projeto reajustando salários dos professores abaixo do Piso Nacional, enquanto ganhava um aumento de 15% para ele, o seu vice e também seus secretários municipais, sem falar no aumento de 19,46% dos salários dos vereadores, aprovados por unanimidade por eles mesmos em setembro de 2016, aumentos todos ilegais. Hoje a Câmara retrocedeu um pouco mas ainda aplica um aumento superior a 8% do subsídio da edilidade, ainda ilegal.

A greve é geral, é contra a reforma da previdência, é contra a reforma trabalhista, mas também deve ser contra a ruína e a submissão do Legislativo ao Executivo municipal, é contra a política de precarização do serviço público iniciada pelo Governo Municipal desde 2013. É pelo Brasil, mas principalmente pelo Orós, porque se quisermos mudar nosso País, se faz necessário iniciarmos pela nossa cidade. VAMOS TODOS À GREVE!

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